domingo, 21 de abril de 2013

Tiradentes - Um Verdadeiro Herói


Joaquim José da Silva Xavier (16 Agosto 1746 - 21 Abril 1792), foi um dos líderes da revolução brasileira conhecida como Inconfidência Mineira, cujo objetivo era a independência de Portugal e a criação da República do Brasil.

Quando o plano foi descoberto pelos portugueses, ele foi preso, julgado e executado em praça pública por enforcamento. Ele recebeu o apelido de Tiradentes, criado pelos portugueses para desmoralizá-lo durante o julgamento e execução.

Nascido em uma família pobre em Pombal, hoje município de Ritápolis (perto de São João Del Rey, MG), Tiradentes foi adotado por seu padrinho e mudou-se para Vila Rica, hoje Ouro Preto, MG, depois da morte de seus pais.

Ele foi criado por seu tutor, que era um médico. Apesar de não ter tido uma educação formal, Tiradentes lia muito e foi um autoditada, tendo exercido várias profissões, inclusive a de vaqueiro, trabalhador em minas e dentista. Mais tarde entrou para o Regimento de Dragões de Minas Gerais, precursor da Polícia Militar, da qual é Patrono. Como não era membro da oligarquia política na província, foi sistematicamente relevado nas promoções de carreira, nunca ultrapassando a patende de Alferes (2º Tenente).

José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, com o uniforme de 2º Tenente dos Dragões. 
Durante sua carreira nos Dragões, ele foi Comandante de Patrulha e percorreu várias vezes a Estrada Real, ligando Vila Rica ao Rio de Janeiro, por onde era escoado toda a produção de ouro, diamantes, esmeraldas e outras riquezas, enviadas para Portugal.

Tiradentes logo percebeu como era explorado o povo brasileiro, obrigado a pagar 20% de impostos à Coroa Portuguesa, um valor considerado exorbitante por ele e por muitos outros patriotas.

Suas viagens ao Rio de Janeiro permitiram que tivesse contato com pessoas que haviam viajado para a Europa e para os Estados Unidos, já independente naquela ocasião. Os ideais de liberdade, democracia e república logo se manifestaram na mente de Tiradentes.

Em 1788, Tiradentes conheceu José Alvares Maciel, filho do governador da Capitania das Minas Gerais, que havia recentemente retornado de uma viagem à Inglaterra. Comparando o progresso industrial britânico com a pobreza do Brasil colonial, Tiradentes não teve dúvidas de que a liberdade era a única esperança para o crescimento do país, como nação.

Naquela ocasião Portugal estava faminto por ouro, para sustentar a Coroa. A escassez das reservas auríferas e a profunda dependência econômica fizeram com que Portugal aumentasse os impostos e a fiscalização sobre as atividades empreendidas no Brasil. Entre outras medidas, as cem arrobas de ouro anuais configuravam uma nova modalidade de cobrança que tentava garantir os lucros lusitanos.

No entanto, com o progressivo desaparecimento das regiões auríferas, os colonos tinham grandes dificuldades em cumprir a exigência estabelecida. Portugal, inconformado com a diminuição dos lucros, resolveu empreender um novo imposto: a derrama. Sua cobrança serviria para complementar os valores das dívidas de impostos. A cobrança era feita pelo confisco de bens e propriedades que pudessem ser de interesse da Coroa.

Influenciado pelos escritos de  filósofos liberais franceses, como Jean-Jacques Rousseau, e pela Revolução Americana, Tiradentes procurou outros patriotas com os mesmos pensamentos. Muitos deles eram cléricos da Igreja Católica, militares e membros da aristocracia colonial, tais como Cláudio Manuel da Costa (alto funcionário público e conhecido escritor), Tomás Antônio Gonzaga (poeta e intelectual respeitado), Alvarenga Peixoto (eminente empresário), tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade (comandante dos Dragões) e o coronel Domingos de Abreu e Vieira. O grupo começou a difundir suas idéias revolucionárias entre os brasileiros da época.

Seu objetivo era criar uma República Federativa, nos moldes dos Estados Unidos da América. A capital seria São João del Rey e a primeira obra seria a criação de uma Universidade. Não existia ensino de nível superior no Brasil e, quem pudesse, tinha que estudar na Europa.

A bandeira da nova nação foi criada com um triangulo verde num fundo branco e com as palavras em latim Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade, Ainda Que Tardia), gravadas nos lados do triângulo.
A bandeira, substituindo-se o verde pelo vermelho, foi adotada pelo Estado de Minas Gerais e é usada até hoje.


O plano de Tiradentes era tomar as ruas de Vila Rica no dia da derrama (Fevereiro de 1789) e proclamar a independência e a criação da República. O plano foi denunciado ao governador, que cancelou a cobrança dos impostos, transferindo-o para outra data e ordenando a prisão dos líderes do movimento.

Tiradentes refugiou-se, conseguindo escapar. Sem saber que a denúncia tinha sido feita por um dos membros do movimento, Joaquim Silvério dos Reis, Tiradentes foi a seu encontro no Rio de Janeiro, onde foi preso no dia 10 de Maio de 1789.

Prisão de Tiradentes - quadro de Antonio Parreiras, 1914.
O julgamento durou três anos. Tiradentes assumiu toda a responsabilidade pelo movimento. No total, dez participantes foram condenados à morte, sob a acusação de traição e conspiração contra a Coroa. Todos, com excessão de Tiradentes, tiveram suas penas de morte comutadas pela Rainha Maria I e transformadas em exílio perpétuo.

No dia 21 de Abril de 1792, Tiradentes foi enforcado na praça que hoje tem o seu nome, no Rio de Janeiro. 

O Martírio de Tiradentes - quadro de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo.
Seu corpo foi esquartejado. Com seu sangue, um documento foi escrito  declarando sua memória e seus descentendes como infames. Sua cabeça ficou exposta num poste na cidade de Vila Rica e partes do seu corpo foram exibidas em várias cidades e vilas entre o Rio de Janeiro e Vila Rica, para amendrontar a população, que apoiava as idéias de liberdade de Tiradentes.

Tiradentes Esquartejado - quadro de Pedro Américo, 1893.
Tiradentes foi declarado Herói Nacional Brasileiro, depois da proclamação da República em 1889.

É bom lembrarmos quem foi, realmente, um herói no Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário